"Em meu primeiro ano como Terapeuta, um dia, do absoluto nada, estava em minha casa tranquila e tive um mal estar súbito, era uma sensação de morte. Eu achei que realmente estava morrendo. Eu tremia muito, suava frio, meu peito doía, tinha ânsia, parecia que ia desmaiar, o coração acelerado... Corri ao hospital na certeza que estaria infartando. Exames foram feitos e estava tudo normal, menos mal, porém, o que havia acontecido comigo? 

Começou a saga de médicos e exames intermináveis para encontrar o problema. Eu como Terapeuta, já havia estudado muito sobre a Ansiedade e o pânico, porém só quem viveu na pele um ataque de pânico, realmente entende o que se sente. Eu queria descartar qualquer possível doença.

Depois da primeira crise, eu passei a ter medo de ter outra crise e isso desencadeava a Ansiedade, que trazia mais pânico. Passei a ter medo de tudo, de sair, de estar em público, de passar mal, de morrer e principalmente de enlouquecer, pois minha mente parecia incontrolável, com pensamentos horríveis. Eu pensava: vou perder a sanidade mental e vão ter que me internar em uma clínica psiquiátrica. Meu processo foi muito doloroso, desagastante e parecia que eu nunca ia melhorar. 

Busquei Psicoterapia, fiz algumas sessões e sentia que a psicóloga não conseguia entender, de fato o que eu estava sentindo. Ela batia na tecla - você precisa mudar seus pensamentos, porém, eu não conseguia parar de ter aquelas ideias intrusivas. Então busquei por uma Terapeuta, na tentativa de entender a raiz do problema, porém sua narrativa era ligada a ideias como: 'você está atraindo isso', 'esses pensamentos estão vindo da mente coletiva', 'você é muito sensível espiritualmente'. Enfim, tentei mais algumas vezes e percebi que isso não estava me ajudando em nada.

Entrei em contato com uma psicóloga bem conceituada, especialista em Ansiedade, para fazer terapia online, mas os valores estavam totalmente fora da minha realidade, seria impossível para o meu momento. Além do que minha capacidade de trabalho, com as crises de Ansiedade e pânico tinham reduzido absurdamente. 

Então , eu pensava: eu falo e ninguém consegue entender o que eu sinto, mas ao mesmo tempo, me sinto lotada de coisas de dentro de mim. Sinto uma mistura de emoções, sentimentos e pensamentos como um novelo de lã.

Foi a partir daí que peguei um caderno que tinha e comecei a escrever sobre o que eu estava sentindo, de forma desconexa e sem muita preocupação, mas eu escrevia todos os dias e colocava as datas. Falava sobre tudo nesse caderno, sobre meus medos, minhas frustrações... como se o caderno fosse uma terapia. Então ao escrever, comecei a entender de onde estavam vindo meus medos. Minha mente foi clareando. 

Percebi que as crises foram diminuindo e espaçando, então pensei, vou começar a escrever também as coisas boas que eu estou alcançando e comparava com as páginas lá do começo. Eu vibrava a cada pequena de melhora, a cada coisa que eu conseguia superar e escrevia no caderno também. 

A partir dos meus escritos, eu criei exercícios de escrita para mim mesma, porque me ajudava a manter o foco na melhora e não no problema. Claro que o processo leva tempo, pois depende do que a gente vem guardando internamente, mas para mim, foi uma ferramenta maravilhosa, que nunca mais deixei de usar.